O embarque de nossos antepassados se deu no Porto de Le Havre no norte da França.
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Os portos mais seguros para embarque eram os franceses, porque na Itália uma circular do ministro Lanza em 18/01/1873 exigia muitas formalidades aos imigrantes. Além disso, quem partia da França, era favorecido, pois a legislação francesa, ao contrário da italiana, previa que a bordo dos navios houvesse a presença de médicos e remédios. Eis porque, especialmente entre 1875 e 1876, as partidas para o Brasil aconteceram sobretudo de Marselha e Le Havre. As passagens eram gratuitas. Em fins de 1876, as partidas de Gênova tinham se tornado mais frequentes em detrimento dos portos franceses.
Em 1878, houve suspensão dos contratos entre o governo brasileiro e os empresários engajadores e com isso se acabou a gratuidade das passagens.
Partiram da região de Pederobba, então com 4.500 habitantes, rumo a Treviso, onde tomariam o Trem que os levaria a Le havre, na França, passando por Vicenza, Milão, Turim, e já entrando na França, Modane, Lion, Paris e finalmente Le Havre.
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A terceira classe vista por Alfred Stieglitz (1906). |
Já no Navio “Ville de Santos”, os alojamentos não eram adequados e suficientes.
A passagem de terceira classe não poderia prover-lhes melhor sorte.
Enfim, todos se acomodavam nos beliches, alguns colocam os colchões no chão. Amontoam as malas e sacolas em qualquer espaço disponível.
À noite, deveriam permanecer separados por sexo: os homens de um lado e as mulheres, crianças e bebês de outro.
Aos poucos o vapor vai deixando o Canal da Mancha em direção ao Atlântico Norte. Agora só se avista céu e mar.
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- A saudade e os planos para o futuro dos imigrantes durante a travessia do oceâno atlântico (1890). |
- A distribuição do rancho, durante a viagem. |
Os dias são longos. Chegam notícias de óbitos, outras notícias de pessoas adoecidas e de crianças e velhos que padecem. O banheiro dos imigrantes.
Lo Baño de los inmigrantes.
The immigrant´s toilet.
La stanza da bagno degl´emigranti.
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O caminho dos imigrantes partindo do Caí se fazia pela "Picada dos Boêmios", uma trilha aberta desde 1872 por alguns imigrantes da Boêmia que já viviam nos limites da colônia. Terminada a subida, eram instalados em um barracão coletivo em Nova Milano, à espera da distribuição, pelos funcionários da Comissão de Terras, dos lotes, sementes e ferramental básico para o trabalho agrícola, o que podia levar meses para acontecer. A ocupação da atual região urbana de Caxias do Sul, na nova sede fundada no Travessão Santa Teresa, a chamada Sede Dante, no entorno da atual Praça Dante Alighieri, só iniciou a partir de 30 de maio de 1876.Outro centro de povoação primitivo foi a Comunidade de São Romédio, considerada o berço da cidade, onde primeiro se estruturou uma vida comunal mais ou menos independente, fundada no fim de 1876, e onde até hoje se localiza a Igreja de São Romédio, patrimônio histórico e cultural do estado e centro de intensa vida comunitária.
O Rio Grande do Sul, sendo a primeira província a fundar colônias com fundos próprios, pôde assim administrá-las por conta própria.
Em 1875 iniciou a criação de quatro núcleos destinados ao assentamento desses primeiros colonos imigrantes italianos.
O local escolhido foi a região da Serra Gaúcha que, naquela época era totalmente selvagem.
Localidades com São Vendelino, Alto Feliz e Nova Palmira eram pontos avançados da civilização, além dos quais o que havia era mata virgem, povoada por onças e índios selvagens. Por isso o empreendimento foi conhecido, inicialmente, como Colônia Fundos de Nova Palmira. Mais tarde, passando a ser denominada de Colônia Caxias.
Para dar um pouco mais de segurança aos imigrantes, o governo provincial promoveu a remoção dos indígenas para uma região distante, no norte do estado.
O local que atraiu maior número de colonos foi o da atual cidade de Caxias do Sul e suas imediações. Como não havia moradores por ali, também não havia um nome estabelecido para aquela região. A localidade povoada que ficava mais perto da atual Caxias do Sul era Nova Palmira. Local que ainda existe hoje e é uma pequena povoação pertencente ao município de Caxias do Sul. Ela está situada junto à rodovia RS-452, rodovia asfaltada que passa pelas cidades de Feliz e Vale Real.
Nova Palmira fica junto ao rio Caí e ao início da estrada do imigrante (que não é asfaltada e foi implantada no vale do Arroio Belo). Seguindo-se por essa estrada, chega-se até a cidade de Caxias, seguindo o mesmo trajeto feito pelos imigrantes no século XIX e início do século XX.
Fontes: